escritor do mês: José Saramago

domingo, 16 de outubro de 2011

Um até já, professora Manuela!

Foi com uma enorme tristeza que no dia 30 de setembro de 2011 fomos informados de que a nossa professora de português, a professora Manuela, se tinha reformado. Esta notícia apanhou todos completamente de surpresa! Entretanto, ainda nem o choque tinha passado, já estávamos todos a pensar no que poderíamos fazer à nossa querida professora, para agradecer tudo aquilo que ela fez por nós, homenageá-la e "despedirmo-nos" em condições. Preparámos, então, um plano: a professora vinha dar-nos aula dia 3 de outubro, a nossa última aula com ela. Sem ela saber iríamos preparar-lhe uma surpresa nessa aula que envolvia rosas, alunos a declamar poemas, a ler textos feitos para a professora, um diário de bordo que compilava imensos textos feitos pela turma para homenagear a professora Manuela, entre outros. Ah e provavelmente muitas lágrimas!
Dia 2 de outubro de 2011, bem tarde, recebemos a notícia de que afinal a professora já não nos ía dar aula no dia seguinte. Acho que todos ficámos destroçados e a pensar em imensas coisas... o que iria acontecer agora? já não vamos poder fazer a surpresa à professora? já não lhe vamos mostrar tudo aquilo que tínhamos preparado? E na aula seguinte, dia 5 de outubro iria ser feriado... Entretanto, no meio de tantas peripécias, a professora Manuela envia um email a dizer que vem à nossa aula quinta-feira (dia 6 de outubro) para nos apresentar a nossa professora que a iria substituir. Ora, lá vem de novo a confusão: "mas nós quinta-feira não temos aula!" "Delegada, envias um email à professora a dizer isso, nunca perguntes em que dia é que ela vem, isso iria levantar muitas suspeitas, e pode ser que ela diga 'enganei-me, vou segunda-feira', logo se vê". Bem, lá foi enviado o email e obtemos exatamente a resposta que desejávamos: a professora Manuela tinha-se enganado, e ía à nossa aula na segunda-feira a seguir, dia 10 de outubro. Nodia 6 ainda nos foi fazer uma visitinha na aula de física. Acho que a tensão dava bem para sentir, foi um encontro complicado, o primeiro depois de sabermos que a professora se ía reformar e ainda por cima tínhamos de esconder a surpresa preparada para ela dia 10 de outubro. A professora esteve a falar connosco, a esclarecer porque se ía reformar agora, entre outras coisas. No fim, lágrimas. Lá foi a professora Manuela a sair porta fora da aula mal lhe caíram lágrimas, com tanta emoção até se esqueceu da carteira...
Bem, finalmente era dia 10 de outubro. Stress, muito stress. Emoção. Tensão. Os minutos antes de tocar na sala D21 foram intensos. "Já tens rosa?" "preciso do diário de bordo!" "ouçam, vou dizer a ordem de quem vai ler poemas!". 10h15. 10h16. 10h17. 10h18. "Bolas, ela nunca mais chega". 10h19. "Será que se enganou na sala?". 10h20. "Calma, isto é de já cá estarmos dentro há muito tempo e da ansiedade". 10h21. "A professora está a chegar!". Silêncio. Entra a professora acompanhada pela sua sucessora. O David levanta-se (o primeiro a ler o seu poema), a professora sem perceber o que se estava a passar. Ele entrega-lhe uma rosa (que eram cor de rosa e amarelas) e diz um muito sentido 'obrigado!'. A professora Manuela fica imediatamente emocionada e com lágrimas a caírem-lhe disfarçadamente pelo rosto (visto que ela estava com óculos de sol - já prevenida para tudo). O David começa a ler o seu poema. Acaba e lá batemos as nossas lendárias palmas silenciosas. A seguir a ele foi praticamente toda a turma fazer a mesma coisa, cada um na sua vez. Entregar a rosa à professora, dar-lhe um beijo e/ou abraço, declamar o seu poema ou ler um texto que tinham feito para ela, bater as palmas silenciosas e sentar-se. A seguir a tudo isto foi entregue à professora o diário de bordo que tínhamos feito especialmente para ela (escolhemos fazer um diário de bordo, pois ela andava sempre a chatear os alunos por causa destes), e entregámos uma planta à nova professora (que também já estava em lágrimas) juntamente com uma frase: "esta planta irá crescer assim como queremos crescer consigo enquanto turma". Seguidamente houve lágrimas, abraços e uma mensagem especial da professora Manuela, que já estava completamente derrubada pela emoção: "Resistam sempre! Não se esqueçam que temos obrigação de criar felicidade à nossa volta". Depois a professora ainda disse mais algumas coisas, que, com certeza nos tocaram a todos, e então ouviu-se a merecida salva de palmas para aquele momento! Desta vez, umas bem audíveis! E foi assim que tudo aconteceu, a professora Manuela saiu então da sala e deixou dentro dela muitos ensinamentos, muita emoção, muita felicidade e tristeza e muitos alunos que nunca a esquecerão! Despedimo-nos apenas de si como nossa professora, mas não como amiga! Tudo isto é apenas um até já, nunca um adeus. Muito obrigada por tudo prof Franco!

Da sua adorada turma,
11ºC
















































Obs: devido a um problema no site slide.com não foi possível criar um slide para colocar todas estas fotografias.

3 comentários:

  1. Obrigada professora e obrigada pela sua ajuda com tudo!

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ESCRITOR DO MÊS

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JOSÉ SARAMAGO

JOSÉ SARAMAGO

"A meio deste mês de Outubro será publicado, em Portugal e no Brasil, Claraboia, o romance que José Saramago escreveu antes de entrar num tempo de silêncio que durou quase 20 anos, e que, de alguma maneira, teve a sua origem na falta de respeito com que o autor se sentiu tratado. José Saramago, com 30 anos recém cumpridos, entregou o que supunha vir a ser o seu segundo romance a um amigo, com relações editoriais, que se encarregou de levá-lo a uma editora portuguesa. Que nunca o editou, decisão que Saramago poderia aceitar, mas nunca daquela forma, durante meses e anos não lhe responderam e, para além disso, não devolveram o original. Foi assim até quarenta anos depois, quando recebeu a insólita notícia de que “numa mudança de instalações se havia encontrado um manuscrito e que estariam muito interessados em publicar”. Saramago agradeceu a oferta mas, disse, já não é o momento, já passaram muitos anos. E não quis ver publicada Claraboiaem vida, ainda que tenha deixado escrito que os que lhe sobrevivessem poderia fazer o que pensassem conveniente.

E o conveniente é conhecer o primeiro Saramago, o que já era um grande escritor ainda que os meios de comunicação não falassem dele e as editoras recusassem os seus originais. A partir de Outubro, todos os leitores em português terão a possibilidade de desfrutar deste presente, desta pequena e madura jóia. Outros idiomas terão de esperar, ainda que talvez na primavera os leitores em castelhano, catalão e italiano, possam ter oportunidade de ter este livro de Saramago nas mãos, para aumentar a sua bagagem, para disfrutar com a grande literatura." josesaramago.org

Excerto
«Por entre os véus oscilantes que lhe povoavam o sono, Silvestre começou a ouvir rumores de loiça mexida e quase juraria que transluziam claridades pelas malhas largas dos véus. Ia aborrecer-se, mas percebeu, de repente, que estava acordando. Piscou os olhos repetidas vezes, bocejou e ficou imóvel, enquanto sentia o sono afastar-se devagar. Com um movimento rápido, sentou-se na cama. Espreguiçou-se, fazendo estalar rijamente as articulações dos braços. Por baixo da camisola, os músculos do dorso rolaram e estremeceram. Tinha o tronco forte, os braços grossos e duros, as omoplatas revestidas de músculos encordoados. Precisava desses músculos para o seu ofício de sapateiro. As mãos, tinha-as como petrificadas, a pela das palmas tão espessa que podia passar-se nela, sem sangrar, uma agulha enfiada.
Num movimento mais lento de rotação, deitou as pernas para fora da cama. As coxas magras e as rótulas tornadas brancas pela fricção das calças que lhe desbastavam os pelos entristeciam e desolavam profundamente Silvestre. Orgulhava-se do seu tronco, sem dúvida, mas tinha raiva das pernas, tão enfezadas que nem pareciam pertencer-lhe.
Contemplando com desalento os pés descalços assentes no tapete, Silvestre coçou a cabeça grisalha. Depois passou a mão pelo rosto, apalpou os ossos e a barba. De má vontade, levantou-se e deu alguns passos no quarto. Tinha uma figura algo quixotesca, empoleirado nas altas pernas como andas, em cuecas e camisola, a trunfa de cabelos manchados e sal-e-pimenta, o nariz grande e adunco, e aquele tronco poderoso que as pernas mal suportavam.
Procurou as calças e não deu com elas. Estendendo o pescoço para o lado da porta, gritou:
- Mariana! Eh, Mariana! Onde estão as minhas calças?
(Voz de dentro:)
- Já lá vai!
Pelo modo de andar, adivinhava-se que Mariana era gorda e que não poderia vir depressa. Silvestre teve de esperar um bom pedaço e esperou com paciência. A mulher apareceu à porta:
- Estão aqui.
Trazia as calças dobradas no braço direito, um braço mais gordo que as pernas de Silvestre. E acrescentou:
- Não sei que fazes aos botões das calças, que todas as semanas desaparecem. Estou a ver que tenho de passar a pregá-los com arame…
A voz de Mariana era tão gorda como a sua dona.»