escritor do mês: José Saramago

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

tal pai, tal filho


planificação:

Introdução - Concordo com a frase.
Desenvolvimento - A convivência com o nosso pai leva à imitação e às parecenças, que acabam sempre por surgir como modelos ;
                             - quando somos pequenos guiamo-nos pelos nossos pais, que nos influenciam bastante, sendo eles quem ditam o nosso futuro e vida até à maioridade.
Conclusão - esta frase exprime a influência pai-filho, mesmo que indirectamente.


Na minha opinião, esta frase tem sentido. Há muito por trás dela, e concordo plenamente com o seu significado.
Todos nós temos progenitores, um pai e uma mãe. Todos nós somos fruto desta união.
Convivendo com, neste caso, o nosso pai, todos temos parecenças com ele a diferentes níveis. Quando há, de facto, uma relação próxima, acabamos sempre por ter características em comum. Mesmo que não nos agradem muito, acabam sempre por surgir. Porquê? Devido à nossa convivência diária: vivemos, dormimos e comemos debaixo do mesmo tecto, o que nos leva a adquirir um conhecimento mais aprofundado em relação às suas atitudes, comportamentos e opiniões.
Quando somos mais novos, e ainda não sabemos quem somos nem temos opinião própria ou formada nem personalidade definida, é pelos nossos pais que nos guiamos, pela sua postura em relação à vida, aos outros e ao mundo. Eles influenciam-nos de uma maneira assaz e portanto são eles que desde o princípio ditam o nosso futuro e vida até sermos independentes e maiores de idade.
Concluindo, esta frase pretende exprimir a influência que os pais têm nos filhos e nas suas vidas, mesmo que de um modo indirecto.

Mariana Oliveira, nº21, 10ºC.





planificação


Introdução: Não concordo. Os filhos têm de ser iguais aos pais?
Desenvolvimento:
- Pais são modelos que estruturam (Ex: nas boas e más acções )
- formam a identidade (Ex: “tal pai, tal filho” associado a “macaco de imitação”)
Conclusão: Há que formar identidade própria


Não concordo com a expressão “tal pai, tal filho”. O que significa afinal? Que o filho tenha de ser igual ao pai ou à mãe? Não me parece que seja assim.
Muitas pessoas dizem “tal pai, tal filho”, embora, na realidade, não seja assim. Um filho não é igual ao pai. Cada um tem a sua história. Podem ter semelhanças, o que é perfeitamente natural, pois os pais são, supostamente, os modelos que estruturam os filhos desde a infância, partilhando gestos e valores, o que não significa que os filhos sigam as pisadas dos pais, pois há pais e pais.
Porém, todos conhecemos determinadas atitudes e acções de adultos que não devem ser imitadas pelos filhos. Esta expressão faz lembrar uma outra, “macaco de imitação” que, regra geral, não é um elogio, pois cada um deve ter a sua identidade e pensamento próprio. Imaginem, se um filho saísse à rua à rua com o seu pai, vestindo roupas iguais às dele, caminhando da mesma forma e usando um penteado semelhante, o primeiro pensamento de quem visse tal coisa seria “tal pai, tal filho” seguido de “macaco de imitação”, o que não era bom, seria uma fotocópia acrítica, pois os pais não devem ser os únicos modelos a seguir, o jovem deve escolher outros e formar a sua personalidade.
Há que ter uma identidade própria, fruto da nossa procura e não imitar outros, mesmo que sejam os nossos pais.
Ana Isabel, Nº3, 10ºC



Ouvimos muitas vezes a conhecida frase ,“Tal pai, tal filho”, com a qual eu não concordo, pois não é por os nossos pais fazerem uma coisa que nós os vamos imitar.
Não concordo com esta frase feita, pois, por exemplo, não é por os pais fumarem que os filhos o vão fazer. No entanto, muitas vezes os pais querem que sigamos os seus passos, quando são médicos querem que os filhos o sejam também ou ainda existe a situação de uma mãe ou um pai que não conseguiram concretizar um sonho nas suas vidas e querem que os filhos o concretizem por eles.
Penso que isso está mal, pois cada um deve ter os seus objectivos, pensamentos e ideias, temos de ter personalidade e não imitar acriticamente os nossos pais. Por vezes, podemos e devemos ouvir os seus conselhos experientes, mas nem sempre aquilo que nos dizem é o melhor para nós ou o mais correcto, devemos seguir o nosso sentir, o nosso próprio caminho.
É claro que, por vezes, mesmo que não queiramos, temos sempre algumas parecenças com os nossos pais, mas isso não quer dizer que sejamos como eles, nem devemos ser, pois devemos ser únicos e ter as nossas ideias.


Joana Rosa Nº12 10ºC

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ESCRITOR DO MÊS

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JOSÉ SARAMAGO

JOSÉ SARAMAGO

"A meio deste mês de Outubro será publicado, em Portugal e no Brasil, Claraboia, o romance que José Saramago escreveu antes de entrar num tempo de silêncio que durou quase 20 anos, e que, de alguma maneira, teve a sua origem na falta de respeito com que o autor se sentiu tratado. José Saramago, com 30 anos recém cumpridos, entregou o que supunha vir a ser o seu segundo romance a um amigo, com relações editoriais, que se encarregou de levá-lo a uma editora portuguesa. Que nunca o editou, decisão que Saramago poderia aceitar, mas nunca daquela forma, durante meses e anos não lhe responderam e, para além disso, não devolveram o original. Foi assim até quarenta anos depois, quando recebeu a insólita notícia de que “numa mudança de instalações se havia encontrado um manuscrito e que estariam muito interessados em publicar”. Saramago agradeceu a oferta mas, disse, já não é o momento, já passaram muitos anos. E não quis ver publicada Claraboiaem vida, ainda que tenha deixado escrito que os que lhe sobrevivessem poderia fazer o que pensassem conveniente.

E o conveniente é conhecer o primeiro Saramago, o que já era um grande escritor ainda que os meios de comunicação não falassem dele e as editoras recusassem os seus originais. A partir de Outubro, todos os leitores em português terão a possibilidade de desfrutar deste presente, desta pequena e madura jóia. Outros idiomas terão de esperar, ainda que talvez na primavera os leitores em castelhano, catalão e italiano, possam ter oportunidade de ter este livro de Saramago nas mãos, para aumentar a sua bagagem, para disfrutar com a grande literatura." josesaramago.org

Excerto
«Por entre os véus oscilantes que lhe povoavam o sono, Silvestre começou a ouvir rumores de loiça mexida e quase juraria que transluziam claridades pelas malhas largas dos véus. Ia aborrecer-se, mas percebeu, de repente, que estava acordando. Piscou os olhos repetidas vezes, bocejou e ficou imóvel, enquanto sentia o sono afastar-se devagar. Com um movimento rápido, sentou-se na cama. Espreguiçou-se, fazendo estalar rijamente as articulações dos braços. Por baixo da camisola, os músculos do dorso rolaram e estremeceram. Tinha o tronco forte, os braços grossos e duros, as omoplatas revestidas de músculos encordoados. Precisava desses músculos para o seu ofício de sapateiro. As mãos, tinha-as como petrificadas, a pela das palmas tão espessa que podia passar-se nela, sem sangrar, uma agulha enfiada.
Num movimento mais lento de rotação, deitou as pernas para fora da cama. As coxas magras e as rótulas tornadas brancas pela fricção das calças que lhe desbastavam os pelos entristeciam e desolavam profundamente Silvestre. Orgulhava-se do seu tronco, sem dúvida, mas tinha raiva das pernas, tão enfezadas que nem pareciam pertencer-lhe.
Contemplando com desalento os pés descalços assentes no tapete, Silvestre coçou a cabeça grisalha. Depois passou a mão pelo rosto, apalpou os ossos e a barba. De má vontade, levantou-se e deu alguns passos no quarto. Tinha uma figura algo quixotesca, empoleirado nas altas pernas como andas, em cuecas e camisola, a trunfa de cabelos manchados e sal-e-pimenta, o nariz grande e adunco, e aquele tronco poderoso que as pernas mal suportavam.
Procurou as calças e não deu com elas. Estendendo o pescoço para o lado da porta, gritou:
- Mariana! Eh, Mariana! Onde estão as minhas calças?
(Voz de dentro:)
- Já lá vai!
Pelo modo de andar, adivinhava-se que Mariana era gorda e que não poderia vir depressa. Silvestre teve de esperar um bom pedaço e esperou com paciência. A mulher apareceu à porta:
- Estão aqui.
Trazia as calças dobradas no braço direito, um braço mais gordo que as pernas de Silvestre. E acrescentou:
- Não sei que fazes aos botões das calças, que todas as semanas desaparecem. Estou a ver que tenho de passar a pregá-los com arame…
A voz de Mariana era tão gorda como a sua dona.»