escritor do mês: José Saramago

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Debate


Após a leitura na aula do vídeo da música dos Pink Floyd “Another Brick in the Wall” , passámos ao debate sobre diferentes modelos de educação.
Aqui ficam alguns registos.

 
 Mariana Oliveira


 Opinião: A educação é  essencial  para garantir o nosso futuro e fazer de nós pessoas mais capazes e melhores.

Confrontando as minhas experiências vivenciais com o vídeo da música dos Pink Floyd “Another Brick in the Wall” não me identifico, de todo, com aquelas imagens. Aliás, penso que o que este vídeo nos transmite nunca devia ser considerado educação, pois nela não devia nunca existir violência e os professores deviam motivar os alunos a melhorarem as suas capacidades e não a serem agressivos… penso que a humilhação nunca devia ser um recurso usado na aprendizagem.
Os professores de agora são muito diferentes dos representados no vídeo, acho que para além de agora haver a relação professor - aluno, actualmente e pela minha experiência, há uma relação pessoa - pessoa, mais humana, comparativamente à educação autoritária de há muitos anos atrás.
A educação é tanto um direito como um dever. Sempre foi algo que eu vi como um privilégio. Apesar de requerer muito trabalho, irá no futuro dar-me muitos e belos frutos. No entanto, nos dias que correm as coisas já não são bem assim, temos a nossa vida mais dificultada com o mundo em desordem.
No decorrer da minha vida académica, tive os meus altos e baixos, mas acho que o modo de ensino e o nosso estatuto como alunos sempre foi bom.
Quero ainda seguir até à faculdade, poder orgulhar-me de ser licenciada e ter um futuro um pouco mais risonho.
As ambições dos dias de hoje já são diferentes. Umas por interesse, outras por dinheiro, outras por gosto. Neste momento, até já temos educação obrigatória até ao 12ºano. Os dias de hoje são diferentes, muito diferentes do que foi retratado no vídeo “Another Brick in the Wall”. Como Camões disse “mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”. 



Pedro Cascão

Ao ver o vídeo “Another Brick in The Wall” dos Pink Floid fiquei a pensar sobre o que é a educação.
Na minha opinião o vídeo mostra-nos um pouco como era a educação (os métodos de educar) na altura dos meus pais e avós, da qual eu discordo plenamente. Concordo que os professores sejam exigentes, mas não ao ponto de bater com um cinto, com uma menina-de-cinco-olhos ou com uma cana-da-índia, acho que bastava chamar a atenção ou então mandar o aluno para a rua, porque se os professores baterem nos alunos, estes vão ficar com medo de irem às aulas e depois isso vai afectar o desempenho na sala de aula, ou seja, vamos estar a obrigar uma pessoa a aprender.
A meu ver, a educação em termos de aprendizagem deve ser na escola, agora em termos de ser-se bem educado, de saber estar para com as outras pessoas deve ser em casa, com a família desde a tenra idade, porque na actualidade não há muita educação para com os professores, o que impossibilita muitas vezes os professores brincarem nas aulas com os alunos.
Concluindo, a educação antigamente era muito rígida e actualmente há falta de respeito de alguns alunos para com os professores.  




Nadejda Licova

Opinião: a escola no passado carecia de liberdade devido ao muro que existia entre professores e alunos, não era possível a circulação de ideias livres e a formação do espírito crítico das crianças. A educação era muito rígida e não se investia no desenvolvimento do raciocínio, mas apenas na memorização.
Na actualidade o muro já se desmoronou, o que permite um maior desenvolvimento dos alunos que mais tarde farão parte activa de uma sociedade, daí a extrema importância de se considerar a educação integral da pessoa. Embora a relação professor/aluno tenha melhorado, a dificuldade agora reside em se conseguir o cumprimento de todos os longos programas, o que dá a sensação de se criar um novo muro, desta vez entre o Ministério da Educação e os professores e alunos.
Concluindo, é necessário que se invista na educação e que haja todas as condições necessárias para que os alunos para além de desenvolverem a parte cognitiva desenvolvam também a parte relacional e espiritual.


Filipe Sousa

Opinião: Educação. Uma forma de nos fazer aprender mais, para que possamos um dia ter conhecimentos necessários para nos licenciarmos e para conseguirmos arranjar emprego. A educação, para além de nos ensinar mais, também nos dá cultura para podermos subir na vida.
Mas, para além dos benefícios, a educação também tem as suas desvantagens. A maior de todas é a ocupação do tempo da nossa juventude, livres só as férias, fins-de-semana e feriados. Apresenta também o problema de nos deteriorar internamente, especialmente por causa de horários rígidos e obrigações de TPC e trabalhos que nos fazem ficar ansiosos e nervosos.
Para mim, mesmo que a educação tenha benefícios, julgo que devia ser mais suavizada.
Mesmo assim, julgo que a educação é uma via rápida para o conhecimento.  


Ana Isabel

Opinião: Penso que a educação é de extrema importância, embora em alguns casos seja duro o processo de aprender.
Pegando em situações que vivi, vivo e o mais certo é voltar a viver, é colocada muita pressão sobre os nossos ombros, pois a educação é necessária, a educação é essencial para ter um bom futuro, bom trabalho, família, etc., embora os mais jovens,  por exemplo eu, não consiga sempre perceber a importância da educação na vida. Sei que é importante. Tudo bem, está certo, mas e mais? Sem ela o mais provável é o nosso futuro não ser muito risonho pois, regra geral, quem estuda é que tem bons empregos e um bom ordenado e, embora o dinheiro não seja tudo, sem ele a vida torna-se um pouco mais complicada. E que mais? Para os nossos pais ficarem orgulhosos de terem filhos cultos e bem-educados. E se não estudamos? Os nossos pais não vão ter orgulho em nós para o resto da vida?! Sobretudo não gostam de nos ver mal, a fazer trabalhos indiferenciados e mal pagos. É complicado, por isso é que é importante estudar, ir para a escola e “aturar” alguns professores bastante rígidos. Às vezes a educação é muito aborrecida.



Paulo Carvalho

Opinião: Existem muitas e variadas opiniões sobre a Educação: uns dizem que devia ser um espaço para o desenvolvimento das capacidades e competências de cada um. Outros afirmam que a escola não devia ser obrigatória e que os professores traumatizam os alunos.
 Penso que os alunos que não querem estar na escola e que estão a prejudicar e a afectar os outros, deviam aprender um trabalho prático. Se não gosta de estudar tem de aprender a fazer qualquer coisa. Ser útil a si e à sociedade. Assim, aprendiam coisas concretas e importantes para o seu futuro. Muitos meninos em África e na Ásia gostariam de uma escola obrigatória…
Apenas uma coisa sei, gosto da escola, gosto de aprender e sei que cada dia que passa aprendo mais e desenvolvo mais as minhas capacidades.
    A educação é um sistema com sucesso, pois promove o futuro de cada um e o desenvolvimento de cada país
.




 

Luana Silva 

Opinião: Acho que a educação é necessária, e por ser necessária devia ser completamente gratuita em todo o mundo.. Digo isto porque acho completamente absurdo os alunos desperdiçarem a oportunidade que têm de estudar gratuitamente , de se desenvolverem e de adquirir mais conhecimentos, enquanto outras pessoas têm essa vontade e não a podem ter .
    A educação é um direito e um dever  que nem todos têm a oportunidade de ter, e se olharmos para países da Ásia, África e America Latina podemos dizer que é um privilégio que não podemos deixar escapar.



Francisco Soutinho


Opinião: Hoje a minha professora pediu-nos para escrever um texto de opinião sobre a frase “O que eu penso sobre a Educação”. Por onde começar? Para mim a educação é uma necessidade básica que satisfaz a nossa (ou só minha?) curiosidade de saber mais. Sinto-me melhor comigo mesmo por saber que a recebo e orgulho-me do facto de que me vai ajudar imenso no futuro. Afinal, nós somos como nos educaram e a nossa educação (a que já temos e a que nos falta) já marcou a nossa vida, com tinta permanente, e a marca vai lá estar até batermos a bota. Resumindo e concluindo, a educação é fundamental para nos prepararmos para o futuro, e há qualquer coisa de belo em transmitir conhecimentos de uma pessoa para outra. É uma grande responsabilidade ter nas mãos o poder de moldar personalidades como barro, de dar ideias, de levar o outro à razão. É uma coisa linda a educação!


Agora, a maneira como nos educam... isso já é outra história. Eu dou graças a Deus (excepto durante as minhas crises de fé e durante os meus momentos de pura clareza) por me sentir à vontade com a maneira como me educam, e de uma forma geral, acho que sempre tive bons professores. E sempre que penso que há professores que literalmente lixaram a vida aos alunos, dá-se-me um nó na cabeça! Imaginem que o Zé Manel teria descoberto a cura para o cancro há 30 anos, se o professor de Química não o tivesse desencorajado por dizer que nunca seria ninguém na vida? Ou que a Maria seria considerada a melhor poetisa portuguesa da actualidade se, quando andou na escola, a sua professora de Portugês não a tivesse convencido de que nunca saberia conjugar os verbos? Ou ainda que a Joaquina seria Primeira-Ministra e poderia tirar Portugal da crise se o professor de Economia não lhe tivesse dito que ela só tinha jeito para cozinhar e fazer renda? As nossas gentes têm enorme potencial para fazer o que quiserem, mas este potencial está a ser desperdiçado, todos os dias... É uma coisa feia a educação...


Porém, é essencial o aluno querer. Os piores são os que nada fazem e culpam os professores dos seus insucessos. “ Ah, que seca, agora tenho que ir aturar aquele chato do stor Serafim. Ele não me ensina! Só me sabe dizer “Faz os trabalhos de casa!” ou “Não fales para o lado!” ou “Vai pôr a pastilha no lixo!”. É sempre a mesma coisa...”. Claro, se o aluno acha que vai aturar velhos e se o professor acha que vai aturar putos, o resultado não é bom.


Dito assim, quase que parece que temos os professores que temos devido ao acaso dos fados. E para os professores o mesmo. Se calhar, quando estão indecisos entre duas turmas, antes do começo do ano lectivo, atiram a moeda ao ar! A meu ver, tem que começar no aluno. Se ele quer bons professores, que pouse o comando da televisão, que se levante do sofá e faça qualquer coisa em relação a isso! Que comece a fazer o que os professores mandam, se não resultar, que mude de turma. Se não melhora, que mude escola. Queixar-se e não fazer nada é que não dá resultados nenhuns.


O que resulta mesmo bem é quando aluno e professor trabalham para um fim comum. Não tanto como uma relação simbiótica, mais como um mutualismo bastante proveitoso. Quando tudo funciona bem, penso que o professor tem que se assumir como algo entre um segundo pai e um meio-irmão mais velho. Alguém que prepare o aluno para o futuro (ou melhor, que complete o trabalho dos pais, pois esse dever é deles) ensinando-lhe mais do que o que está nos livros. Alguém tem que nos falar do que se passa no nosso país segundo os contextos económico, político, social e cultural (pelo menos). Claro está, que não são todos os professores que estão aptos para esta tarefa. É aí que entra o espírito crítico do aluno ao escolher o melhor role-model (como dizem os estrangeiros).


E já voltámos à parte bonita de tudo isto.


Inês Rodrigues


Opinião: A Educação deve estar em todo lado, isto é, tem que estar sempre presente nos nossos gestos.
Creio que a Educação é boa porque nos abre ao futuro e ajuda-nos a crescer como pessoas. A relação na sala de aula deve ser de respeito entre o professor e o aluno. Todos nós somos livres de expressar os nossos sentimentos e pensamentos, daí que seja importante a experiência das diferentes gerações e aprendermos em conjunto.
Não devemos deixar ninguém controlar os nossos pensamentos. Ser pessoa é ter educação, saber estar e respeitar os outros.



 
Alexandre Loureiro
 

Opinião: a meu ver, a educação, nos dias de hoje, já ultrapassou alguns dos obstáculos que tinha antes, tais como a rigidez daquele professor e prepara-nos cada vez mais para sermos cidadãos individuais com espírito crítico, ferramentas para um futuro que se adivinha difícil. Por outro lado, é preciso também mencionar o método de ensino que se fiava apenas na memorização, como se os alunos fossem a pedra e o professor o escultor negligente encarregado de os esculpir. Muito pelo contrário, os alunos são diamantes em bruto que, conforme a maneira como são talhados nas diferentes faces e trabalhados, assim serão mais ou menos valiosos na sua vida futura.

João Luís
 
Opinião: A educação é, e sempre foi um factor importantíssimo para o desenvolvimento de uma sociedade avançada, sem ela não havia investigação nas áreas científicas e humanísticas.
É por isso que uma boa educação é fundamental para o sucesso do aluno e do futuro cidadão.
Para um percurso escolar correcto e próspero do aluno têm que estar presentes vários factores, isto é, bons programas disciplinares;bons métodos de ensino-aprendizagem utilizados pelos professores e, obviamente, a motivação dos alunos.
Ora, sem estes três factores é impossível , ou dificílimo educar os alunos correctamente.

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ESCRITOR DO MÊS

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JOSÉ SARAMAGO

JOSÉ SARAMAGO

"A meio deste mês de Outubro será publicado, em Portugal e no Brasil, Claraboia, o romance que José Saramago escreveu antes de entrar num tempo de silêncio que durou quase 20 anos, e que, de alguma maneira, teve a sua origem na falta de respeito com que o autor se sentiu tratado. José Saramago, com 30 anos recém cumpridos, entregou o que supunha vir a ser o seu segundo romance a um amigo, com relações editoriais, que se encarregou de levá-lo a uma editora portuguesa. Que nunca o editou, decisão que Saramago poderia aceitar, mas nunca daquela forma, durante meses e anos não lhe responderam e, para além disso, não devolveram o original. Foi assim até quarenta anos depois, quando recebeu a insólita notícia de que “numa mudança de instalações se havia encontrado um manuscrito e que estariam muito interessados em publicar”. Saramago agradeceu a oferta mas, disse, já não é o momento, já passaram muitos anos. E não quis ver publicada Claraboiaem vida, ainda que tenha deixado escrito que os que lhe sobrevivessem poderia fazer o que pensassem conveniente.

E o conveniente é conhecer o primeiro Saramago, o que já era um grande escritor ainda que os meios de comunicação não falassem dele e as editoras recusassem os seus originais. A partir de Outubro, todos os leitores em português terão a possibilidade de desfrutar deste presente, desta pequena e madura jóia. Outros idiomas terão de esperar, ainda que talvez na primavera os leitores em castelhano, catalão e italiano, possam ter oportunidade de ter este livro de Saramago nas mãos, para aumentar a sua bagagem, para disfrutar com a grande literatura." josesaramago.org

Excerto
«Por entre os véus oscilantes que lhe povoavam o sono, Silvestre começou a ouvir rumores de loiça mexida e quase juraria que transluziam claridades pelas malhas largas dos véus. Ia aborrecer-se, mas percebeu, de repente, que estava acordando. Piscou os olhos repetidas vezes, bocejou e ficou imóvel, enquanto sentia o sono afastar-se devagar. Com um movimento rápido, sentou-se na cama. Espreguiçou-se, fazendo estalar rijamente as articulações dos braços. Por baixo da camisola, os músculos do dorso rolaram e estremeceram. Tinha o tronco forte, os braços grossos e duros, as omoplatas revestidas de músculos encordoados. Precisava desses músculos para o seu ofício de sapateiro. As mãos, tinha-as como petrificadas, a pela das palmas tão espessa que podia passar-se nela, sem sangrar, uma agulha enfiada.
Num movimento mais lento de rotação, deitou as pernas para fora da cama. As coxas magras e as rótulas tornadas brancas pela fricção das calças que lhe desbastavam os pelos entristeciam e desolavam profundamente Silvestre. Orgulhava-se do seu tronco, sem dúvida, mas tinha raiva das pernas, tão enfezadas que nem pareciam pertencer-lhe.
Contemplando com desalento os pés descalços assentes no tapete, Silvestre coçou a cabeça grisalha. Depois passou a mão pelo rosto, apalpou os ossos e a barba. De má vontade, levantou-se e deu alguns passos no quarto. Tinha uma figura algo quixotesca, empoleirado nas altas pernas como andas, em cuecas e camisola, a trunfa de cabelos manchados e sal-e-pimenta, o nariz grande e adunco, e aquele tronco poderoso que as pernas mal suportavam.
Procurou as calças e não deu com elas. Estendendo o pescoço para o lado da porta, gritou:
- Mariana! Eh, Mariana! Onde estão as minhas calças?
(Voz de dentro:)
- Já lá vai!
Pelo modo de andar, adivinhava-se que Mariana era gorda e que não poderia vir depressa. Silvestre teve de esperar um bom pedaço e esperou com paciência. A mulher apareceu à porta:
- Estão aqui.
Trazia as calças dobradas no braço direito, um braço mais gordo que as pernas de Silvestre. E acrescentou:
- Não sei que fazes aos botões das calças, que todas as semanas desaparecem. Estou a ver que tenho de passar a pregá-los com arame…
A voz de Mariana era tão gorda como a sua dona.»